Arts&Crafts

... aquilo que me vai pelo pensamento ...

domingo, junho 10, 2012

Amar e não ser amada....

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bati a porta, muita fúria, muita revolta, muita fragilidade... mais uma vez acreditei que era desta que tudo  seria como tinha imaginado... mas mais uma vez houve a surpresa, o auge e .. a decepção!

Tinha dito, depois da última noite de copos, que seria a última, mas insistiram tanto tanto :) (não foi assim tanto), que lá fui, mas já que ia, 1 hora para escolher a indumentária, 1 hora para mudar isto e aquilo e tentar combater o pensamento que "é hoje que vou conhecer o meu príncipe". Sempre admirei aquelas mulheres que dizem que vivem sem homem facilmente, apetece-me bater a mim própria por ter sempre estes pensamentos de que hoje é o dia.... sei que sou feliz a viver estas festas e estas manhãs infernais a dizer que nunca mais beberei, mas sou fraca, anseio sempre o casar e ter filhos, o estigma de que vou ficar sozinha, porque tenho mau feitio, sou feia, ninguém jamais irá de livre vontade querer viver uma vida para todo o sempre ao lado desta personalidade cheia de defeitos e feitios. Nem uma mulher me aturaria mais de 1 semana a viver com os maus humores matinais, com as revoltas interiores contra mim, contra todos.

Lá fui! Jantarada fantástica, algumas pessoas que não conhecia, recordávamos convívios e viagens passadas, os diálogos por vezes com mensagens nas entrelinhas para o vizinho do lado (ex´s, futuros, ou simplesmente talvez namorados). Findo o repasto, 1h cá fora a ver quem ia, quem não ia, e mais 1h para decidir onde ir.

Decidido quem e com quem íamos, chegamos ao local de sempre (apesar da 1h de escolha :) ) e as mesmas caras, olhares de soslaio, cumplicidades de quem não se fala, mas já conhece os hábitos sem palavras serem necessárias: aquele ali acaba a noite com aquela ali, aqueles 2 entram como os gigolos do pedaço e saiem sempre de mãos vazias, mas de cabeça erguida, aquela barwoman apaixonada pelo dj, que se deixa ir nos jogos de flirt mas sem nunca se comprometer, mantendo-a sempre bem perto e bem longe. Sempre senti que as mulheres se têm de subjugar aos homens, parecem sempre ser eles os fortes, os que têm o poder de decidir se querem... Vemos um ex de alguma e a forma que temos de nos confortar é sempre concordarmos que a que o acompanha tem mil defeitos, mesmo que no intimo o pensamento seja "que grande corpaço", são estas as cumplicidades da amizade feminina que nos une e nos fortalece.

"Discretamente olha quem está ali"... "caramba se isso é seres discreta... ele topou que tu estavas a olhar logo"... risos e angústias, "deixa lá, ela não vale nada" - tim tim, "hoje vou beber apenas 1 copo"

Música fantástica, a mesma todas as semanas, dançamos, mil minutos como se estivéssemos sozinhas, outros mil a olhar pelo canto do olho para identificar uma presa... uma presa do amor, não da cama!

Quando começa a vir a quebra da monotonia, do sono a dar de si,..."olha, não é o amigo do teu amigo que achavas o máximo....."........peço mais um copo!

Será que tenho a maquiagem toda ok, será que se nota ...... será será..... ele olhou, finjo que não o vejo, alteio o queixo, sem exageros.... olha boa, veio com o amigo que eu conheço..... Não me viu o amigo e tal como sempre o alvo não diz ao amigo que me viu (porque será que os homens conseguem ser tão fortes, resistem a por tudo cá fora, mesmo com os amigos mais íntimos)... a minha amiga certa que esta noite será uma pasmaceira, começa já a vibrar com o meu vibrar, e como conhece o meu amigo, tenho a certeza que conseguirá por-nos todos a falar não tarda nada,,, mesmo que de forma pouco discreta, aliás de forma muito óbvia.

5, 10, 30 minutos (com a idade a nossa capacidade de controlar os impulsos melhora), estamos todos a falar, apresentações feitas e 5 minutos estamos os 2 a falar!

Admiro a forma de olhar, de quem sabe o que quer, mas na sua modéstia cobre de elogios a outra parte, sinceros tenho a certeza (pelo menos naquele momento - nós as mulheres duvidamos muito, mas realmente o que eles nos dizem no momento é verdade, e não o ser no futuro, não mostra falsidade, apenas é a evolução normal dos sentimentos).

Numa ida ao bar para o 3º copo, os nossos braços tocaram um pouco, sei que talvez tenha sido orquestrado, mas finjo não o saber, mesmo para mim própria, alias, finjo tanta coisa.... o coração aperta, o cheiro, o olhar, tudo parece que me deixa vulnerável! Se um Brad Pitt passasse, penso que nem pestanejaria!

Flui uma conversa maravilhosa, sei agora que fui muito feliz nesse momento e que fecharei muitas vezes os meus olhos durante a minha vida, para apenas beber um pouco da felicidade e excitação que senti nesses instantes, falamos e falamos, mas o mais forte é o que não falamos mas ambos sentimos, são os pequenos toques sempre que alguém quer passar e nos empurra, são os entre olhares dos nossos amigos que nos dizem "força sejam felizes"...

E depois entre avanços e revezes, tudo flui no quotidiano, cinemas, jantares lá por casa, saídas em grupo... 3 longos e intensos meses de prazer, felicidade, cumplicidade... e ali estamos os 2 como desconhecidos, sinto que é outra pessoa naquele corpo, amor-ódio, desespero, prometo a mim mesma que nunca mais vou acreditar no amor, que ele não existe, e que os homens apenas nos usam enquanto vêm apenas a novidade, quando nos tornamos um hábito, deitam fora como se fossemos a embalagem da melhor iguaria do mundo!!!!!

nb: tudo o que escrevi é ficção, mas a alma está lá, no que senti tantas vezes e vi as minhas amigas sentirem; acho que nos as mulheres vivemos para sofrer e amar, pelos homens, pelos filhos, pela familia, para cuidar deles com todo o amor, mesmo quando este não é recíproco!

nb: quando as minhas filhas tiverem a sofrer, anseio por lhes dizer algo que nunca ninguém me disse "tive tantos que amei e não me amaram, tive tantos que desejei e me maltrataram", mas aprendi a gostar de mim, e nesse dia comecei apenas a valorizar os que me amavam e apreciavam e fui mais feliz!



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