48 horas de Serralves

Pelo terceiro ano consecutivo a Fundação de Serralves, no Porto, abre as portas, no primeiro fim-de-semana de Junho, para a iniciativa "Serralves em festa".

Este festival, que terá início às oito da manhã de dia 3 de Junho e que apenas termina às 24 horas do dia seguinte, desaguarão cerca de 300 artistas espalhados numa festa com mais de 70 eventos.

João Fernandes, director do Museu de Serralves, evidenciou ontem, durante aapresentação do evento, a "iniciativa singular", que só na edição de 2005 conseguiu reunir cerca de 54 mil pessoas (muitas das quais vindas daGaliza).
E lembra "O ano passado fiquei surpreendido quando, às seis damanhã, ainda havia 10 mil pessoas em Serralves".
O festival vai manter o formato habitual, "com transvessalidade em várias áreas", propondo 40 horas seguidas de exposições, música, dança, performance, cinema, teatro, marionetas, circo, oficinas em família, visitasorientadas e workshops.Eventos para todas as idades e com entrada gratuita que decorrerão no museu,no auditório e na Casa de Serralves. No entanto, a aposta passa pelarealização dos diferentes espectáculos no exterior, aproveitando os 18 hectares do parque que estarão integralmente visitáveis pela primeira vez depois da complexa obra de recuperação e valorização a que esteve sujeito nos últimos três anos.
"Serralves em festa" conta este ano com novos parceiros, como a Casa da Música, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Centro Cultural de Belém e a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, criando, segundo a opiniãode João Fernandes, "um festival popular sem ser populista". E acrescenta "Tudo isto dentro de um contexto social muito peculiar, que é o museu abrir as portas à comunidade, e tornar-se numa das grandes festas da cidade".

Consciente que há "presenças mais mediatizáveis do que outras", o director do museu de Serralves fez questão de salientar a vinda pela primeira vez ao nosso país dos "mestres do cabaret avant-garde" The Tiger Lillies, com Alexander Hacke, que apresentarão o seu novo projecto "Mountains of madness"(ver caixa).

Ainda na área da música, referiu o programa da "big band" dejazz Italian Instabile Orchestra, "que com a participação dos seus solistas vão dinamizar vários momentos interessantes", porque tendem a exibir umagrande dose de humor sarcástico e irreverência geral.Presente vai também estar Haco, líder dos extintos e lendários After Dinner. Com uma sensibilidade única, a artista japonesa desenvolveu o seu estilo único, baseado em princípios pós-punk, electroacústicos, avant-garde,pós-rock no som ambiental e na tecnologia.

Na noite de domingo, destaca-se ainda o concerto do grupo Turbo Trio, vindodo Brasil, que traz a Serralves o 'Miami bass', o 'electro-funk' dos anos80, o 'ragga' e o 'funk' carioca. O teatro de fantoches Dom Roberto, manipulados pelo bonecreiro João Paulo Seara Cardoso, apresenta duas histórias "O barbeiro" e "A tourada".

Outro "momento curioso" do festival é o workshop "Por favor coma os malmequeres", dedicado à preparação e à degustação de flores comestíveis, apartir de espécies existentes na colecção de aromáticas do parque de Serralves. Para João Fernandes "tudo mais que acontecer em Serralves será natureza dos espaços transformados em festa e o que as pessoas farão dela".